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Carta Mensal JF TRUST – Abril de 2024

07/05/2024 - JF Trust

Arranho Fiscal e Deterioração da Curva de Juros externa precificam ajuste do Juro Neutro

Um rimo mais moderado de criação de empregos (payroll) nos EUA em abril proporcionou alguma esperança que o Federal Reserve promova dois cortes de juros até o final deste ano. Isso foi crucial para uma recuperação dos preços no mercado e renda variável e de renda fixa e no Brasil, para a redução das taxas de juros futuras, sobretudo as médias e longas. Essa surpresa positiva teria reforçado a divisão das apostas do mercado com a decisão de redução da taxa básica de juros entre 25 e 50 pontos na decisão do Copom de maio.

Foram criados 175 mil postos de trabalho em abril nos EUA, ratificando a desaceleração esperada ante março, mas foi inferior à expectativa de consenso do mercado de 240 mil. Além disso, a taxa de desemprego aumentou 0,1 p.p. de 3,8% em março para 3,9% em abril e um ritmo um pouco mais moderado do salário por hora trabalhada, mas ainda próximo de 4% a.a.. Entretanto, consideramos que os números ainda são robustos! De qualquer forma, possibilitou um discurso menos hawkish do Presidente do Federal Reserve.

O governo tem muitos desafios na área fiscal para que esse movimento de recuperação seja sustentável, a tal ponto do dólar tentar romper para baixo o nível de R$ 5,0US$ ainda em maio. O Congresso analisará em maio os vetos presidenciais no montante de R$ 5,6 bilhões em emendas e à tentativa de fixar um calendário para liberação das emendas até junho, além da desoneração da folha de pagamentos. O fantasma da bomba fiscal da PEC do quinquênio jurídico está no radar, mas em princípio, ainda não deve ser aprovada, sobretudo, pela comoção social das enchentes no Rio Grande do Sul.

Não podemos negar que a revisão para cima do rating do Crédito do Brasil pela agência de classificação de risco Fitch, que ainda pode ser seguida pela Moody´s, é positiva, mas consideramos que o seu impacto seria mais de curtíssimo prazo e não sustentável ao longo do tempo, pois foi puxada de forma preponderante por revisão em alta do crescimento econômico e menos de se atentar à perspectiva fiscal e dos reflexos potenciais da deterioração dos juros externos no Brasil.

Avaliamos também que as dificuldades do cumprimento dos resultados fiscais de avanços dos projetos de arrecadação sancionarão volatilidade acentuada nos mercados domésticos e dúvidas, em relação à trajetória da dívida pública e dos níveis praticados da taxa Selic de juros, com uma diretoria colegiada do Banco central plenamente renovada a partir de janeiro de 2025.

Nosso call referencial de juros segue com espaço menor para cortar a meta Selic em 25 pontos em maio para 10,5%, pela deterioração na margem do ajuste da meta fiscal, pela percepção de um juro neutro mais elevado nos Estados Unidos do que se imaginava, ressaltando que a nossa projeção central do IPCA de 2024 também está elevada ante a curva do mercado, com cenário referencial ao redor de 4%, inclusive para 2025.

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