Carta Mensal JF TRUST – Agosto de 2023
05/09/2023O governo brasileiro precisa de receita, pois a regra fiscal não controla a expansão do gasto corrente nominal. Uma parcela da performance dos mercados domésticos em agosto, com saída de recursos externos da Bolsa (B3) e a recomposição da inflação implícita e dos prêmios na curva de juros futura, refletiu exatamente essa dinâmica. Entretanto, o exterior também não ajuda, com as tentativas frustradas de recuperação do PIB Chinês, sinais de estagflação na Europa e sinalização de um juro elevado mais prolongado nos Estados Unidos. Queda dos juros nos EUA seria mais provável até o final do segundo trimestre de 2024.
No Brasil, o apoio político do Congresso nas votações de interesse do governo tende a melhorar em setembro com a entrada de deputados do “Centrão” como novos Ministros. O governo depende disso para aprovar a taxação sobre apostas esportivas, dividendos, Reformas Tributária e Administrativa etc.
No fiscal, avaliamos que a antecipação das receitas do pré-Sal (recebíveis) terá impacto no resultado fiscal de curto prazo, mas não será suficiente para garantir a zeragem em 2024 (prevemos déficit primário excluindo esses recebíveis um pouco superior à 1% do PIB em 2024).
Avaliamos que essa medida de antecipação sinaliza fragilidade com uma meta fiscal sustentável, pois, no fundo, é a atividade econômica que sustenta a arrecadação, mas estará em processo de desaceleração nos próximos trimestres, sobretudo em 2024. Avaliamos que a arrecadação prevista estaria superestimada para o cenário do PIB. Não há sinal de corte de gastos, mas sim, a tentativa do arcabouço fiscal de controlar a taxa de expansão dos gastos públicos.
O fato é que com a deterioração do resultado fiscal entre o superávit acumulado no ano até julho de 2022 comparativamente ao déficit até julho de 2023, de quase R$ 150 bilhões, o monitoramento e as tendências dos resultados fiscais mensais terão impacto relevante nos preços dos ativos, em particular, das taxas de juros futuros.
No mercado de juros, os recentes números do crescimento do Produto Interno Bruto e do emprego formal Caged reforçam a manutenção do ritmo de queda da Selic em 50 pontos nas próximas decisões do Copom, com a taxa Selic recuando para 11,75% em dezembro deste ano e para o cenário da JF Trust, para uma taxa de um dígito, inferior à 10% até o final de junho de 2024.
Para 2024, mantemos a previsão da inflação (IPCA) para uma taxa um pouco inferior à nossa estimativa de persistência inflacionária de 4,67%, mas, superior à mediana atual do mercado de 3,88%.
É notório contatar que os juros futuros estabilizaram ou aumentaram na margem, seguindo a alta moderada e recente das expectativas da inflação implícita na segunda quinzena de agosto. É racional, pois, será mais provável termos surpresas negativas nesse campo !!