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Carta Mensal JF TRUST – Dezembro de 2021

05/01/2022

Iniciamos 2022 com a mudança da política monetária nos Estados Unidos para o terreno restritivo, após anos de liquidez farta, que permitiram recordes sucessivos nos índices acionários. De fato, as bolsas fecharam o terceiro ano consecutivo de ganhos expressivos de dois dígitos em 2021, com altas do S&P 500 e do Dow Jones de 26,8% e 18,7%, respectivamente, após terem registrado ganhos de 16,2% e 7,2% em 2020!

Essa sucessão de recordes nas bolsas norte-americanasreflete um movimento em que traders e investidores institucionais correm riscos maiores e aceitam maior volatilidade futura, inclusive com influenciadores relevantes comprando também criptmoedas e o surgimento de fundos de bitcoins. De acordo com dados da CboE Global Markets, o volume negociado de opções em 2021 superou a atividade de negociação de ações pela primeira vez, com o valor médio diário de opções de ações negociado de US$ 467 bilhões contra US$ 410 bilhões de ações. A forte especulação dos últimos anos deixou os investidores questionando se os mercados estavam em uma bolha gigante, embora, avaliamos que isso “estivesse controlado” com taxas de juros próximas de zero, inflação reduzida e expansão dos ativos pelos Bancos Centrais, que acabaram dando suporte aos mercados acionários.

Entretanto, o panorama internacional mudou radicalmente nos últimos meses, com uma inflação alta e persistente em relação ao período de 2008-2020, atingindo taxas mais elevadas das últimas quatro décadas. Com a esperada aceleração do tapering, via redução da compra de títulos pelo Federal Reserve e a elevação da taxa de juros do fed fund, os investidores deverão estar menos dispostos a correr riscos do que nos últimos anos, reduzindo a probabilidade de ganhos altos pelo S&P 500 em 2022, muito pelo contrário, mantendo aceso o risco de correção para baixo do mercado acionário. Tentando mensurar o risco potencial de correção do mercado acionário, construímos um indicador de liquidez para medir o diferencial entre a taxa de crescimento da oferta monetária (M2) e a taxa de crescimento da economia.

O padrão após a crise de 2008 apontaria que quedas desse indicador, para uma faixa de zero e negativa, aumentaria em princípio a probabilidade de correção das Bolsas, como ocorrido em 2010 e em 2018. A despeito dos índices acionários dos EUA terem subido durante as frequentes leituras desse indicador na década de 1990, o padrão desde a crise financeira global de 2008 demanda cautela ! Para citar uma evidência empírica, esse índice recuou abaixo de zero em 2010, no período em que o índice S&P 500 sofreu uma correção de 16%. Uma queda semelhante em 2018 pressagiou também outro ciclo de venda.

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