Carta Mensal JF TRUST – Fevereiro de 2024
01/03/2024 - JF TrustO movimento de realocação de posições dos investidores nas curvas doméstica de renda fixa e variável foi robusto em fevereiro, repetindo janeiro e tende a seguir o padrão em março, caso não se tenham novidades positivas no front fiscal e inflacionário no Brasil. No Brasil, a retirada de capitais externos da Bolsa (B3) foi de R$ 9,4 bilhões em fevereiro, acumulando saída de R$ 20,9 bilhões no primeiro bimestre deste ano.
O otimismo de uma parcela do mercado brasileiro, esperando pela valorização do real ante o dólar foi adiada mais uma vez, com a manutenção da taxa de juros do fed fund de 5,25-5,5% a.a. por mais tempo, significando menor diferencial de juros. Nossas últimas cartas, de dezembro e janeiro, apontavam essa resiliência da economia norte-americana e a desconfiança com a sustentabilidade de valorização do real.
No tocante à atividade econômica, o “mercado” errou muito nas previsões de crescimento real do PIB de 2023. De fato, no final de dezembro de 2022, a mediana das expectativas do mercado (Focus) apontava uma taxa real de apenas 0,8%, sendo que alguns economistas e gestores de instituições financeiras previam até o risco de recessão no Brasil em 2023. Em janeiro de 2023, o FMI previa uma expansão no Brasil de apenas 1,2% e será mais que o dobro disso! Na minha avaliação, caso o PIB brasileiro surpreenda em 2024 , será para cima e não para baixo !!
Na última pesquisa de mercado (Focus), a mediana das expectativas para o PIB de 2024 estava em 1,6%, enquanto, prevíamos uma taxa um pouco superior, de 1,84% (previsão central). Entretanto, isso é uma previsão com modelagem econométrica que não necessariamente estaria captando alguns fatores estruturais que têm gerado uma performance mais positiva do crescimento econômico e do PIB potencial. Não vejo um exagero de superar 2%, a tal ponto que o teto (limite superior) da nossa projeção é de 2,03% para o PIB Brasil de 2024.
Avaliamos que seria ideal que o que o atual Presidente do Bacen passe o basta para Galípolo com a inflação convergindo para a meta. A desvalorização do real para a vizinhança de R$ 5,0/US$, a surpresa do IPCA de janeiro e o déficit fiscal mais provável corroboram aumento da probabilidade na curva futura de que a taxa básica de juros Selic termine o ano acima de 9%. O prolongamento da taxa de juros do fed fund em 5,25%-5,5% a,a, fortalece esse cenário.
Não há mudança relevante no cenário da inflação em relação à carta anterior, de janeiro. As expectativas de inflação seguem desencoradas da trajetória de metas, com mediana atual do mercado do IPCA em 3,76% contra uma meta central de 3,0%. No segundo semestre do ano passado, nossas estimativas econométricas da persistência inflacionária apontavam taxas 4,3% a 4,67%.
Reiteramos que a probabilidade de que o Bacen desacelere o ritmo de corte da Selic de 50 para 25 pontos é mais elevada, em particular, a partir de junho. O impacto de alta do preço do milho na cadeira produtiva pode ser mais intenso do que o mercado está precificando, em particular, no período da estiagem das chuvas.