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Carta Mensal JF TRUST – Janeiro de 2022

02/02/2022

A despeito do descolamento entre a alta do Ibovespa de +6,98% em janeiro e a retração das bolsas norte-americanas de -3,3% (Dow Jones) e de -5,2% (S&P 500), consideramos que o balanço de riscos da economia brasileira ainda está frágil, no que refere ao crescimento econômico e a inflação no curto prazo, que segue defrontando com a inércia dos preços nesse primeiro trimestre. Com o resultado da inflação do IPCA15 de janeiro, estimamos que nova surpresa inflacionária.

Avaliamos que o Bacen não deveria se comprometer com a próxima decisão dos juros de março, mas até a presente data, a probabilidade seria mais elevada de nova alta da Selic de 1,5 p.p. Em cenário alternativo, o Bacen desaceleraria o ritmo de alta para 1,0 p.p. no Copom de março para 11,5%, mas seguiria com elevação de 0,5 p.p. ou 0,25 p.p. nas duas reuniões seguintes.

Essa alternativa de desaceleração da alta da Selic a partir de março seria compatível com um ajuste gradual dos juros nos EUA e sem correção robusta do mercado acionário, pois em caso contrário, o surgimento de novas pressões do dólar e dos yields no exterior, o Bacen tende a manter o mesmo ritmo de ajuste.

De qualquer forma, constatou-se nas últimas semanas um retorno expressivo do fluxo de ingressos de recursos externos em diversos países emergentes, sendo que no Brasil, o superávit de “gringos” na Bolsa (B3) acumulou R$ 30 bilhões em janeiro, que sancionou uma revalorização do real ante o dólar para uma faixa de R$ 5,3/US$. O movimento também foi beneficiado pela redução do dólar no exterior e a sinalização de uma política monetária um pouco mais frouxa na China. Há também uma parcela do mercado que avalia que o Federal Reserve não será tão agressivo no ciclo de alta dos juros, o que ainda beneficiaria os mercados acionário e de commodities.

Na ótica das contas públicas a redução da dívida pública bruta de 7 pontos de 88,6% do PIB em 2020 para 80,3% do PIB em 2021 é positiva e também fundamenta a revalorização recente do real. Entretanto, avaliamos que no curtíssimo prazo, (i) os resultados fiscais de 2021 já foram absorvidos nos preços do mercado e não devem contribuir para a revalorização do real nas próximas divulgações e (ii) justamente o déficit fiscal reduzido dá espaço para o executivo de ampliar a deterioração dos gastos públicos nos próximos meses.

Com sazonalidade desfavorável em ano de eleição presidencial, a probabilidade de mais renúncia fiscal e maiores concessões de “benesses fiscais” deverá a elevar a dívida e o déficit público em 2022. Deve-se ressaltar que a nota de crédito do Brasil não foi ajustada, e no caso da Fitch Rating por exemplo, está sob perspectiva negativa. Esperamos que o contexto político eleitoral e o debate dos rumos da política econômica em 2023 repercutam nos preços dos ativos a partir de março com maior consistência.

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