Carta Mensal JF TRUST – Outubro de 2022
04/11/2022Redução dos Riscos Político e Institucional nos mercados, mas rigidez orçamentária demanda ajustes para 2023.
Finalizada a eleição presidencial que confirmou Lula como novo Presidente do Brasil, avaliamos que revalorização do real ante o dólar, inferior à R$ 5,4/US$ que tende a prevalecer, pelo menos, na primeira quinzena de novembro, não foi surpresa. De fato, o risco de contestação jurídica do resultado recuou , além de considerarmos que foi eliminada a possibilidade de acirramento político institucional entre Executivo, Legislativo e Judiciário com a derrota de Bolsonaro, pois em caso de sua vitória havia o risco, por exemplo, de avanço no Congresso do projeto de ampliação do número de Ministros do STF.
O investidor estrangeiro tem uma memória positiva com Lula, em particular, com o seu primeiro mandato presidencial de 2003 à 2006, onde foram realizados ajustes relevantes da política econômica, como a elevação do superávit primário do setor público e a alta dos juros, para combater a inflação elevada herdada de 2002. O fluxo de retorno de ingressos também seria beneficiado com o comprometimento de uma agenda governamental de reforço ao meio ambiente e da política de relações internacionais.
Há uma percepção que o novo Presidente buscará uma coalização política no Congresso para aprovar projetos e reformas relevantes, pois reconhece que o Legislativo tem maioria centro-direita. Entretanto, essa é uma dúvida que ainda não está plenamente precificada pelo mercado. São esperados também nos primeiros dez dias do governo , a oficialização de nomes da equipe econômica, que terá que tratar rapidamente como adequar o aumento das despesas no orçamento de 2023.
Na ótica de curtíssimo prazo, as contas públicas continuam “boas”, com superávit primário consolidado de quase 2% do PIB no final do terceiro trimestre deste ano, que estimamos um saldo anual em 2023 positivo de 0,91% do PIB.